quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

"SOAP OPERA": A Saga da Jeitosinha ( Cápitulo -XXVIII )

Capítulo XXVIII - Algum tempo depois ...
Alguns dias que se passaram desde a morte de Ambrósio. Adenaíra vinha se recuperando da infecção hospitalar. Bruno a levara para sua casa e a convivência era amigável. A moça se esforçava para transformar aquele apartamento de solteiro em um lar, e o rapaz gostava de sua companhia. Mas não conseguia esquecer Jeitosinha e ainda sentia um, digamos, "vazio por dentro", se é que você me entende...
Como era de se esperar, os exames periciais confirmaram que tratava-se da letra de Ambrósio no bilhete. Provaram também que as digitais eram mesmo de Arlindo. Impotente diante da armadilha armada pela irmã, e diante das péssimas condições da carceragem, o rapaz simplesmente enlouqueceu. Na casa de Jeitosinha todos se esforçavam para retomar as rotinas de suas vidas.
Adenaíra escrevera, contando da operação e de como estava feliz em sua nova condição. Omitira, entretanto, que era hóspede de Bruno.
No bordel de Madame Mary, Jeitosinha buscava superar a perda de seu amado nos braços de Laura Croft. O treinamento da loira continuava. Na penumbra de seu escritório, a cafetina continuava instruindo Jeitosinha sobre os mistérios do amor e do sexo, mas ainda eram apenas aulas teóricas, o que já estava deixando nossa heroína impaciente.
- Às vezes sinto que a senhora, deliberadamente, está adiando minha estréia profissional - questionou um dia Jeitosinha.
Pela primeira vez, a sempre segura Madame Mary pareceu incomodada.
- Que bobagem, querida... Já lhe disse, tenho uma imagem a zelar... Tudo virá a seu tempo.
Jeitosinha vinha se abrindo cada vez mais com a patroa. Chegou a confessar o atentado com a serra-elétrica, o plano que incriminou Arlindo e o desejo de se vingar da mãe. Madame Mary a tudo ouvia, sem emitir qualquer opinião. Naquela tarde, entretanto, encontrou Jeitosinha mais fragilizada do que de costume.
- O que houve, criança? - Perguntou a cafetina.
- Não sei o que está havendo comigo, Madame Mary... - Disse a loira, com a voz embargada -
Talvez seja a falta de Bruno, ou o remorso por ter tirado a vida de meu pai... Mas o fato é que estou fraquejando. Começo a achar que talvez mamãe não seja assim tão culpada pelo meu destino. Talvez seja a maior das vítimas, preservando um segredo por tantos anos apenas para poupar a todos da ira de Ambrósio.
- O que você quer dizer com isso? - perguntou Mary.
- Quero dizer que estou cansada de ódio e sofrimento. Vou buscar minha felicidade. E começarei procurando mamãe e dizendo que a perdôo...
- Não creio que você precise procurá-la... - disse Madame Mary, num tom de voz bastante familiar.
A mulher aproximou-se do fraco abajur que iluminava o escritório. Com lágrimas banhando o rosto, retirou sua máscara...
- Mamãe? É você! Não pode ser!
- Claro que sou eu, querida...
Você acha que com o salário de contínuo do seu pai conseguiríamos criar sete filhos e ainda comprar pra você a coleção completa da Barbie?
- Então é por isso que o meu treinamento nunca terminou! Você não queria prostituir a própria filha!
- Sim... Este foi apenas um dos muitos sacrifícios que fiz por você. Fui eu quem joguei fora os restos mortais de Ambrósio e limpei a bagunça da sala... O telefonema e o bilhete falando da pescaria também foram invenções minhas.
- Então... Papai realmente havia morrido? - espantou-se.
- Sim! Só não me pergunte como ele voltou à vida. Talvez tenha sido um milagre dos céus para poupá-la, Jeitosinha. Você já havia sofrido demais, e aquele plano da serra-elétrica era simplesmente ridículo... Você deixou suas digitais espalhadas pela casa inteira! O segundo crime foi muito mais requintado, e ainda puniu o chantagista do Arlindo! Jeitosinha abraçou a mãe, emocionada (Imagine uma música melosa, executada por um naipe de violinos...).
Finalmente, quase tudo parecia se encaixar. Era um novo tempo de recomeço. De repente Jeitosinha percebeu que o bordel nunca fora seu lugar. O que de fato a atraía era o magnetismo de Madame Mary, que não era ninguém menos que Marilena.
Não fosse a saudade que sentia de Bruno, tudo estaria perfeito em sua vida. No final daquela tarde, Jeitosinha se despediu das colegas de bordel.
- Vou tirar um tempo para mim. Preciso repensar minha vida... Talvez volte a esta casa como auxiliar de mamãe, não sei... O importante é que fiz muitos amigos aqui... Laura Croft chorava copiosamente.
- Está tudo acabado entre nós?
- Sim, Laura... Não adianta. Bruno é o meu único amor. Preciso esquecê-lo antes de poder recomeçar com outra pessoa... Laura pareceu entender.
Tanto que deu a Jeitosinha um conselho bem prático:
- Se você o ama tanta, porque não tenta uma reaproximação? Tudo bem, ele pensa que você é uma de nós, mas você, em contrapartida, flagrou-o nos braços da Kátia Trovoada...
Kátia, o traveco moreno que possuiu Bruno, espantou-se:
- Aquele era o seu bofe? Ih, menina... Você está sofrendo a toa...
- Como assim? - surpreendeu-se Jeitosinha.
E Kátia começou a narrar o diálogo que ela e Bruno tiveram antes do ato de amor... .
Finalmente está acabando! Não perca !!!

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