quinta-feira, 9 de junho de 2011

A contradição faz parte de nós. Desejamos permanência, e destruímos a natureza. Nos consideramos modernos, e sufocamos debaixo dos preconceitos. Politicamente corretos, perdemos a naturalidade e o brilho. Onerados por crenças infundadas, carregamos na mala da culpa as pedras do medo. O olho do outro está grudado em mim e me sinto permanente¬mente avaliado, nem sempre aprovado: se eu não for como sugerem ou exigem meu grupo, família, sociedade, se não atender às propagandas, aos modelos e ideais sugeridos, serei considerado diferente. Como adolescen¬tes queremos ser iguais à turma, como adultos queremos ser aceitos pela tribo: a pressão social é um fato inegável. Não controlada, ela nos anulará Não somos um mero feixe de aflições. Podemos ser lúcidos, in¬formados e atuantes. Liderar nosso grupo, criticar o que nos parece errado, sentir indignação — mas quase sempre nos falta parceria para agir de ver¬dade, e nem sabemos direito o que fazer. Então a gente se atordoa acumu¬lando objetos e espaços vazios. Botar que coisas em que lugares, para que haja harmonia, para a gente se sentir bem, e construir projetos?
É algo a descobrir ou elaborar, nesse misto de coerência e vago delírio do nosso cotidiano. Não somos apenas bonecos manipulados, mas coautores (nosso parceiro é o mistério) de algumas cenas disso que chama¬mos (e usamos como desculpa) de “nosso destino”. Lya Luft

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