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segunda-feira, 13 de abril de 2009

Filmes: Quem quer ser um milionário? / Assisti e recomendo !!!

Quem Quer Ser Um Milionário? Slumdog Millionaire Reino Unido / EUA , 2008 - 120 min
Drama
Direção: Danny BoyleRoteiro: Simon Beaufoy
Elenco: Dev Patel, Irrfan Khan, Anil Kapoor, Madhur Mittal, Freida Pinto
Filmes de baixo orçamento têm surpreendido e recebido diversas indicações em várias premiações nos últimos anos. Foi assim com Pequena Miss Sunshine em 2007 e com Juno em 2008. Esses filmes chegaram como "zebras" no Oscar, concorreram a Melhor Filme, mas não levaram. Esse ano, Quem Quer Ser Um Milionário?, o filme "barato" da vez, chegou como surpresa e levou 8 estatuetas, incluindo a de Melhor Filme.O filme mostra a história de Jamal Malik (Dev Patel), um garoto indiano de 18 anos, nascido na periferia de Mumbai, que participa de um jogo de perguntas e respostas de grande sucesso em seu país, uma espécie de "Show do Milhão" da TV indiana. Jamal vai se mostrando um excelente jogador e isso chama a atenção de alguns que pensam ser impossível um garoto pobre como ele saber todas as respostas. Para explicar de onde sabia cada resposta e provar sua inocência, Jamal vai contando diversos momentos de sua vida ao lado de seu irmão Salim (Madhur Mittal) e de seu grande amor, a garota Latika (Freida Pinto). A partir daí, o enredo do filme se desenvolve, na medida em que nos vai sendo mostrado de maneira bastante interessante o cotidiano nas favelas indianas e o destino de muitas das crianças que lá vivem. Nesse momento o filme nos faz lembrar um pouco da nossa realidade, a violência e a criminalidade que predomina em muitas das favelas brasileiras e o rumo que muitas crianças acabam tomando. Esse é um tema muito explorado no cinema brasileiro, por isso em determinadas partes temos a impressão de que estamos assistindo a uma produção nacional.É um filme cheio de movimento, cores, tudo animado pela excelente trilha sonora, que explora bem os ritmos indianos. A história é ágil, permeada pelos flashbacks que contam a história da infância de Jamal, um vai-e-vem contínuo que visa nitidamente manter os espectadores ligados, sem jamais aborrecer. Esse ritmo frenético somado a uma boa dose de humor (mesmo em momentos bastante dramáticos, diga-se de passagem) são responsáveis por tornar o filme tão divertido e interessante.Para manter esse clima tão intenso e colorido, o filme capricha nos efeitos sonoros e na fotografia. Isso é perceptível em cenas de grande movimentação, em que essa qualidade é colocada à prova. Aliás, o quesito fotografia é outra semelhança em relação a alguns filmes brasileiros, especialmente Cidade de Deus.O roteiro foi adaptado por Simon Beaufoy, baseado no livro "Q and A", de Vikas Swarup. A direção é de Danny Boyle, cineasta e produtor inglês, também diretor de A Praia e Extermínio. Ele contou com um orçamento de US$ 15 milhões, o que é pouco, tomando como padrão as grandes produções hollywoodianas. Boyle disse que queria um filme que mostrasse a verdadeira cara da Índia. Por isso, optou por fugir um pouco dos estúdios de Bollywood e filmar em locações abertas, de grande movimentação popular. Isso contribui fortemente para dar mais realismo às tomadas externas.O filme é, apesar de tudo que acontece com o pobre Jamal, alegre. Isso é uma característica até do próprio povo indiano, que, de modo parecido com os brasileiros, sofrem com a profunda pobreza, mas nem por isso deixam sua alegria se esvair, vivem cantando, dançando, mesmo sem motivos para festejar. Talvez tenha sido essa alegria incondicionada que tenha cativado tanto a crítica e público.Quem Quer Ser um Milionário? é, sim, um grande filme.
Acabou sendo uma boa surpresa, pois consolidou os filmes de baixo orçamento no hall das grandes premiações. Os grandes que se cuidem, pois agora foi provado que mesmo com pouco dinheiro é possível se produzir um bom e competitivo filme. Enfim, até na indústria do cinema existe o tal do bom, bonito e barato.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Milk - A Voz da Igualdade. / Crítica - Cinema.

As consequências trágicas da implantação de um comércio gay num dos distritos de São Francisco, na Califórnia, nos anos setenta, é o tema do filme Milk – A Voz da Igualdade, de Gus Van Sant, cujo roteiro se baseia em dados biográficos de um líder nato, Harvey Milk, que considerava a atividade política uma grande farsa teatral, mas que acabou sendo tragado por ela. Apesar das inúmeras premiações recebidas – Oscars de Roteiro Original e de Melhor Ator para Sean Penn, irrepreensível intérprete de Milk - , a película de Van Sant, produzida para comemorar os trinta anos do assassínio do líder gay e do prefeito George Moscone (Victor Garber), na prefeitura de São Francisco em 1978, se não decepciona, também não empolga, como se esperava, principalmente por problemas de direção e de edição. O roteiro de Dustin Lance Black , baseado em depoimentos gravados de Milk e de alguns amigos seus ainda vivos, descura, a meu ver, da fixação dos traços psicológicos de Dan White (Josh Brolin) – cujo papel parece ter sido reduzido - , o assassino. Ele é um veterano do Vietnã, ex-policial e ex-bombeiro mal remunerado, sofredor de depressão bipolar, que sintetiza, na trama, a força de oposição mais efetiva às aspirações do protagonista, já merecedor de um documentário de Rob Epstein, ganhador do Oscar de l984. Não é dos mais inspirados também o trabalho de Van Sant que não define, para sua narrativa, linha mais apropriada a um drama biográfico. A que usa se mostra irresoluta entre o psicológico e o político-social.
E, além disso, não dá transcendência mais abrangente, como deveria, à questão do preconceito e da violência contra homossexuais, pois, tal como está retratada, passa a errônea impressão de ser localizada e já superada pelo tempo, apesar de Milk, num debate com White, afirmar: - Mas Deus sabe que a nossa luta continua!... Por sua vez, o trabalho de edição de Elliot Graham peca por diversas vezes ao não imprimir continuidade à narrativa. O caso mais evidente, nesse sentido, se observa quando Scott Smith (James Franco), após nadar nu na piscina da casa de um advogado que Milk deseja engajar em sua campanha política, sai, na cena seguinte, já vestido e com os cabelos secos como se não vissem água há muito tempo. Já no início do filme, percebe-se ainda que se embaralham um flashback dos tempos de Milk em Nova York, onde nasceu – pela bela fotografia de Harris Savides -, e imagens de arquivo do Eureka Valley, bairro operário de São Francisco, para onde ele e Smith se mudam com a firme disposição de montar ali, mesmo sob o protesto dos comerciantes locais, uma loja, Castro Camera, de revelação de filmes fotográficos. A ação começa às vésperas do dia em que Milk completaria quarenta anos, quando, num encontro fortuito, em Nova York, conhece Smith por quem se interessa à primeira vista. Embora Smith não esconda sua preferência por pessoas mais jovens, os dois acabam ficando juntos. Transferem-se então para São Francisco, onde se estabelecem na Rua Castro, iniciando ao mesmo tempo campanha para que mais gays se instalem na área. O apelo deles é atendido e, em pouco tempo, o comércio da categoria domina todo o bairro.
A figura de Milk como líder político, fenômeno de massa, então se impõe – sob o protesto de Smith que por isso o abandona - não só entre os gays, mas também entre os idosos e os trabalhadores sindicalizados do Eureka Valley. Com o apoio deles, Milk consegue se eleger, em 1977, para o Quadro de Supervisores de São Francisco, tornando-se assim o primeiro homossexual assumido a ocupar um cargo eletivo importante nos EUA. Antes de tomar posse, diante das escadarias da prefeitura, conversando com o amigo Cleve Jones (Emile Hirsch), um dos artífices de sua campanha política e, no presente, orientador da elaboração do roteiro da película, ele afirma: Este é o meu teatro!... O que há de excepcional no filme é, sem dúvida, a interpretação de Sean Penn no papel do protagonista, com o qual conquistou o seu segundo Oscar. O primeiro foi com o filme Sobre Meninos e Lobos, de Clint Eastwood. O ator, criticado atualmente por seus posicionamentos políticos, mestre em composição de personagens, interpreta Milk usando a expressão corporal de forma adequada, sem arroubos ou exageros, e explora principalmente a força do olhar para emitir insinuações que não fazem parte, em absoluto, dos diálogos. É notável, por exemplo, a série de atributos que Penn, em sua composição, outorga a Milk: terno como amante, solidário como amigo, incitante como ativista gay, negociador como político e, em especial, eloqüente como orador a mobilizar as massas em praças públicas. Apaixonei-me por Harvey – ele admite -, por essa pessoa, pelo espírito desse ser humano que transcende meus planos como ator. Penn também se apoia em jovens e talentosos atores que com ele contracenam como James Franco (prêmio Spirit Award de Melhor Ator Coadjuvante), Emile Hirsch – dirigido por ele, em Na Natureza Selvagem –, Joseph Kross e o mexicano Diego Luna. Mas os embates de Milk com White não rendem tanto quanto se esperava dada a apatia com que o ator Josh Brolin – apesar da indicação ao Oscar de Ator Coadjuvante - parece ter encarado o seu trabalho, diferentemente do que ocorreu, por exemplo, com a memorável interpretação de Llewely Moss, em Onde Os Fracos Não Têm Vez, dos Irmãos Cohen.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA
MILK – A VOZ DA IGUALDADE MILK EUA/2008 Duração – 128 minutosDireção – Gus Van SantRoteiro – Dustin Lance BlackProdução – Dan Jinks e Bruce CohenFotografia – Harris SavidesMúsica – Danny ElfmanEdição – Elliott GrahamElenco – Sean Penn (Harvey Milk), James Franco (Scott Smith), Josh Brolin (Dan White), Emile Hirsch (Cleve Jones), Diego Luna (Jack Lira), Joseph Kross (Dick Pabich), Victor Garber (Prefeito Moscone)

terça-feira, 17 de março de 2009

Filmes: O Leitor / Assisti e Recomendo !!!

The Reader - EUA/Alemanha - 2008. Direção: Stephen Daldry. Elenco: Kate Winslet, Ralph Fiennes, David Kross - 123 min. Classificação: 16 Anos. Gênero: Drama. O filme que “deu” a Kate Winslet o Oscar de Melhor Atriz!
Mesmo sendo um filme que fala sobre o Holocausto não é focado nele. A época e a situação estão presentes no filme mas para mim ficou evidente que o foco principal é a história de amor entre Michael Berg (David Kross) e Hanna Schmitz (Kate Winslet). Michael, aos 15 anos é ajudado certo dia por Hanna e acabam se envolvendo. Hanna, 20 anos mais velha é uma dura e reclusa mulher que antes das sessões de sexo pede que seu jovem amante leia para ela.
Eu como fervoroso leitor achei muito interessante as formas como foram retratadas as emoções de se ler um bom livro. De acordo com o livro Hanna sentia-se feliz, emocionada, excitada ou até mesmo envergonhada, com Winslet mais uma vez dando um show de interpretação. Embora ambos estivessem muito envolvidos fica claro que Hanna, com sua experiência, sempre manteve uma certa distância ao contrário do apaixonado Michael, até que ela desaparece e ele torna-se uma pessoa fechada e amargurada. Anos depois, cursando direito, Michael vai ao julgamento de algumas guardas da SS, uma organização ligada ao partido nazista alemão e descobre que ao sumir, Hanna fora convocada para essa organização e estava ali sendo acusada de crimes contra a humanidade. Achei extremamente interessante a forma como ela se porta e responde às acusações. Acho que na cabeça dela passava: “Vocês estão me julgando por algo que vocês mesmo me mandavam fazer! Eu estava cumprindo a lei!”. Michael então percebe que guarda com ele um segredo que pode inocentar Hanna mas a mesma não o revela despertando nele a dúvida entre contar ou não. Isso pode servir como crítica aos alemães que embora soubessem o que se passava nos campos de concentração preferiam a omissão. Mostra ainda o embate entre as idéias da geração alemã pós-holocausto em viver com essa “herança”.
Kate Winslet realmente estava soberba no papel e mereceu o Oscar. Demonstrar sentimentos através da dureza de Hanna exigiu muito talento. David Kross também foi uma agradável surpresa. Fez o principal, não atrapalhou a Kate, mas seria pouco dizer isso. Ele construiu um bom personagem e por incrível que pareça este personagem só ficou ruim quando envelheçeu e caiu nas mãos de Ralph Fiennes. Acho que Fiennes estava muito deslocado e não conseguiu construir um personagem verossímil. Só pra constar, deve ter sido difícil para um garoto de 18 anos interpretar cenas de sexo como as que ele fez com Kate Winslet. Imagina os hormônios do menino fervendo e ele tendo que se conter!
Não levou o Oscar de melhor filme, que eu acho injusto, mas de qualquer forma é um ótimo filme que você ainda acha em cartaz por aí e que não deve tardar a ser lançado em DVD.