sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Alexandre Garcia: "Brasil parece não cultivar seus heróis"

É possível reconstruir um país como o Haiti?

Muito difícil.

Nos últimos 200 anos, o país vem buscando a reconstrução e não consegue. Vimos que o corpo da fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, foi exposto à visitação em Curitiba, o diplomata Luiz Carlos da Costa foi velado no Palácio do Itamaraty. Parece que em Brasília faltou alguma coisa.

Amyr Klink atravessou o Atlântico sozinho, remando, da Namíbia, na África, até a costa da Bahia.

Não caiu nem pedaços de papel picado na cabeça dele. O Brasil parece não cultivar seus heróis, se não forem do esporte.

Agora, um punhado de soldados brasileiros deu a vida ajudando o povo do Haiti. As cerimônias fúnebres, em Brasília, na capital do país, ficaram longe do povo. O governo prestou homenagens a corpos confinados na Base Aérea de Brasília. No Haiti, eles representaram bem o povo brasileiro.

Os Estados Unidos podem ter desembarcado com sua máquina de guerra. Mas os meninos pobres de Porto Príncipe falam o português brasileiro. A bandeira brasileira é agitada por haitianos, certamente porque aprenderam a amar o Brasil e devem ter aprendido pelo respeito e admiração à tropa brasileira.

Em geral, quando morre um deputado ou senador – seja qual for seu currículo – o velório é no Congresso. Os heróis do Haiti, o povo fardado, ficaram longe da casa dos representantes do povo. Não passaram pelas largas avenidas da capital do Brasil. Foram entregues à família para serem enterrados no solo da pátria.

Morte em missão é risco que faz parte da carreira militar. Faz parte das expectativas da família do militar. Morte em missão nos deixa credores de mais homenagens da nação que representaram tão bem. Certamente a nação está prestando a eles agora uma continência de coração e mente.

Fonte:http://g1.globo.com/bomdiabrasil/0,,MUL1458506-16020,00-ALEXANDRE+GARCIA+BRASIL+PARECE+NAO+CULTIVAR+SEUS+HEROIS.html

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